Diabetes: O Assassino Silencioso


Retinopatia Diabética: A Cegueira do séc. XXI

A Retinopatia Diabética é uma complicação ocular que surge nos diabéticos e a principal causa de cegueira irreversível entre os 20 e os 64 anos. É por isso muito importante a realização de exames oftalmológicos a todos os diabéticos, pelo menos, uma vez por ano. 

A retinopatia diabética é uma complicação ocular da diabetes. Os vasos sanguíneos da retina, uma camada constituída por células nervosas que reveste o interior do globo ocular ficam frágeis, rompem-se e provocam hemorragias com perda súbita da visão. É a chamada retinopatia diabética proliferativa.

Os vasos sanguíneos mais pequenos, os capilares, ao ficarem "doentes" permitem a passagem de sangue para o exterior. A retina fica "inchada" nesse local, e o doente começa a perder a visão lenta e irremediavelmente, se não tratado. É o chamado edema macular diabético.

Ambas as situações são denominadas de retinopatia diabética, que geralmente afeta os dois olhos. Se não forem tratadas a tempo, conduzem à cegueira.

Todas as pessoas com diabetes, tipo 1 e tipo 2, podem desenvolver retinopatia diabética numa determinada fase da evolução da diabetes, alguns anos após o início da doença e variável de acordo com o tipo da diabetes. Daí a importância de todos os doentes realizarem, pelo menos uma vez por ano, o exame aos seus olhos e de manterem um rigoroso controlo metabólico, diga-se, da glicémia ou glicose no sangue.
As mulheres grávidas diabéticas também deverão ser sujeitas a exames aos olhos, o mais cedo possível e, posteriormente, de 3 em 3 meses.

Atualmente, devido a melhores métodos de diagnóstico e tratamento, é possível prevenir a perda da visão. A deteção precoce da retinopatia diabética constitui a melhor proteção contra a lesão ocular causado pela diabetes. É possível reduzir de maneira significativa o risco de perda de visão mantendo um controle rigoroso da glicose no sangue e consultando o oftalmologista regularmente.

SABER MAIS

O QUE É A DIABETES?

A diabetes é uma doença que resulta da diminuição da capacidade de utilização da principal fonte de energia: a glucose, que é o açúcar proveniente da transformação de grande parte dos alimentos que ingerimos.

A diabetes surge quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o organismo não a consegue utilizar. É esta hormona que permite às células a utilização da glucose do sangue, produzindo a energia necessária à nossa atividade. A falta de produção de insulina suficiente ou quando o organismo não a consegue utilizar. É esta hormona que permite às células a utilização da glucose do sangue, produzindo a energia necessária à nossa atividade. A falta de produção de insulina ou da sua ação provoca o aumento dos níveis de açúcar (hiperglicémia) no sangue.

QUAIS IS TIPOS DE DIABETES?

TIPO 1:

O pâncreas não produz insulina.

As pessoas com diabetes tipo 1 para viver têm que administrar insulina várias vezes ao dia.

TIPO 2:

O pâncreas não produz insulina suficiente e o organismo necessita de maiores quantidades por resistência à sua ação. 

É o tipo muito mais frequente de diabetes.

Estas pessoas conseguem controlar a diabetes através do exercício físico e de uma alimentação saudável, podendo necessitar de tomar também comprimidos ou mesmo de administrar insulina.

DIABETES GESTACIONAL:

Aparece durante a gravidez e habitualmente desaparece quando esta termina. Deve ser controlada com exercício físico, uma alimentação saudável e, por vezes, com insulina. 

O QUE CAUSA A DIABETES?

- Hábitos de vida e alimentares pouco saudáveis;

- Peso excessivo ou obesidade;

- Vida sedentária;

- Hereditariedade;

- Stresse.

SERÁ GRAVE?

É uma situação para toda a vida! Se não for devidamente cuidada pode levar a complicações graves, mas se bem controlada permite viver como se não tivesse diabetes.

QUAIS AS COMPLICAÇÕES DA DIABETES, SE NÃO FOR BEM TRATADA?

Podem ser divididas em dois grupos: situações agudas e complicações crónicas. As primeiras devem ser rapidamente reconhecidas e quase sempre tratadas pelo próprio. As complicações devem ser diagnosticadas precocemente em exames a realizar de acordo com os profissionais de saúde que o acompanham.

SITUAÇÕES AGUDAS:

- hipoglicémias – níveis baixos de glicose no sangue, normalmente abaixo de 70mg/dl, que devem ser tratadas com a ingestão de açúcar;

- descompensação grave – coma diabético, por níveis muito altos de glicose no sangue, por desidratação, infeções ou suspensão de insulina, que devem ter tratamento no hospital, com soros e insulina;

COMPLICAÇÕES CRÓNICAS:

- RETINOPATIA – lesões da retina do olho, que são diagnosticadas por fotografia do fundo do olho (retinografia) ou pelo oftalmologista;

NEFROPATIA – lesões dos rins, que são detetadas por uma análise: a albumina na urina;

NEUROPATIA – lesões nos nervos, que levam a perda de sensibilidade e que são observados na consulta do seu médico;

PÉ DIABÉTICO – neuropatia e lesões dos pequenos vasos das pernas e/ou pé, por vezes com úlceras;

DOENÇAS CARDIOVASCULARES – doença das coronárias, enfartes do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais;

HIPERTENSÃO ARTERIAL – nas pessoas com diabetes os valores devem ser inferiores a 130/80mmHg;

DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA – diminuição da circulação, por exemplo nas pernas e nos pés;

DISFUNÇÃO SEXUAL – muitas vezes só ligada à má compensação ou a fatores psicológicos;

INFEÇÕES DAS GENGIVAS E DOS DENTES – que podem ser evitadas pela boa compensação e pela observação regular na consulta do dentista.

TEM CURA?

 A diabetes tem tratamento eficaz e se cuidar de si, seguindo o que foi acordado com o seu médico e o seu enfermeiro ou dietista/nutricionista poderá levar uma vida ativa saudável, vivendo como se de nada sofresse.

O tratamento da diabetes, quer no tipo 2, quer no tipo 1, tem como objetivo o bem-estar, a integração familiar e social do diabético e também a prevenção das complicações. Para além da normalização da glicemia, é necessário a normalização da tensão arterial e do colesterol.

CONSELHOS AO DIABÉTICO

1. ALIMENTAÇÃO – Nº de refeições

É importante fazer 4 a 6 refeições por dia, respeitando os horários de cada uma delas, especialmente se injeta insulina. Em cada dia procure comer uma quantidade igual dos diversos grupos de alimentos.

2. ALIMENTAÇÃO – Evite os açúcares

Evite os açúcares de absorção rápida, tais como: açúcar e mel; sumos de frutas; alimentos para diabéticos com frutose; pastelaria, guloseimas e gelados; não mais do que 2-3 peças de fruta por dia; bebidas açucaradas e refrigerantes.

3. ALIMENTAÇÃO - Colesterol

Controle o seu colesterol diminuindo o consumo de gorduras, como as que se encontram na carne, ovos, lacticínios gordos e óleos vegetais. Limite o consumo de gorduras animais (manteiga, banha, bacon…) e ovos. Elimine a pastelaria e alimentos comerciais com ovo.

4. EXERCÍCIO FÍSICO

Cada vez que uma pessoa com diabetes faz exercício físico, os seus níveis de glicose no sangue baixam e, além disso, os medicamentos atuam melhor. O exercício físico favorece também a perda de peso, o controlo do colesterol e a tensão arterial, protege os ossos da perda de cálcio (descalcificação) e melhora o estado de espírito. Todas as pessoas com diabetes podem praticar exercício físico, mas o tipo e intensidade do mesmo deve adaptar-se à idade, condição física e tipo de tratamento de cada pessoa.

5. VIGIAR A GLICÉMIA

Os valores de glicémia (açúcar no sangue) devem estar o mais próximos possível do normal para se evitarem as complicações da diabetes. A frequência com que se deve medir a glicemia é variável, conforme o tipo de diabetes e o tratamento que faz. Em alguns casos, pode ser necessário medi-la várias vezes ao dia. Ao medir a glicemia pode corrigir a alimentação, a atividade física e melhorar o seu tratamento.

6. HIPOGLICEMIA – Causas mais frequentes

As causas mais frequentes da hipoglicémia são: os erros de alimentação (comer menos do que o recomendado, falhar ou atrasar uma refeição); aumento da atividade física (desportos ou trabalhos não habituais); erros na medicação/insulina (enganos na quantidade) e consumo excessivo de álcool.

7. HIPOGLICEMIA - Sintomas

Esteja atento aos sintomas de hipoglicémia, que podem variar de pessoa para pessoa. Os sintomas de uma hipoglicémia não severa podem ser alguns dos seguintes: tremores, suores frios, ansiedade, fome repentina, fraqueza nas pernas, palpitações e formigueiro.

8. HIPOGLICEMIA – Como agir

Se pensa estar com uma hipoglicémia, siga os seguintes passos. Se for possível, faça um teste de glicose no sangue para comprovar. Pare a actividade física que estava a fazer (andar, limpar, …). Tome imediatamente 1-2 doses de hidratos de carbono (HC) de ação rápida. Repita o teste de glicemia após 10mn.

9. CUIDADOS A TER COM OS PÉS - Observação

Observe diariamente os seus pés: a planta, o calcanhar e os espaços entre os dedos, para ver se há zonas de cor diferente, bolhas, calosidades, fissuras, inchaço… Se não é possível fazê-lo por dificuldade na posição, use um espelho. Se tem dificuldade de visão, peça auxilio a outra pessoa.

10. CUIDADOS A TER COM OS PÉS - Higiene

Lave os pés todos os dias, durante dois ou 3 minutos (não os “ponha de molho”), usando sabonete neutro e água tépida, verificando sempre a temperatura da água. Seque-os muito bem, em particular a zona entre os dedos. Aplique um creme hidratante na planta e dorso (não entre os dedos), massajando bem.

 

Prof. Doutor Eugénio Leite

Médico Oftalmologista e Diretor Clínico das Clínicas Leite

Presidente da Fundação Eugénio Leite

sexta, 13 de dezembro de 19