Do outro lado da Pandemia


Mais de um ano iniciado em Pandemia com muitos fatores nefastos a prejudicarem a saúde colectiva. 

Grande parte de nós está mais inactivo fisicamente, muitos em teletrabalho, o que provoca alterações nos nossos comportamentos diários e promove muitas vezes a adição para compensar e a ingestão de alimentos em excesso e com elevado teor de açúcar. 

São alimentos que encontramos facilmente à nossa disposição e cujo consumo não é benéfico. 

Refiro-me ao açucar e também ao amido, composto por hidratos de carbono de rápida absorção. Estima-se que em média um adulto ingira 13% de açucar a mais na sua dieta diária e tal constitui um grave problema de saúde pública. 

Não sei dizer quantas vezes já ouvi um doente referir dizer que gostaria de ter força de vontade para poder desistir do açúcar alimentar . 

É um vício físico real e a indústria alimentar esforça-se por nos tornar viciados em açúcar. Adoça tudo cada vez mais, usa e abusa do teor de açúcar nos alimentos, alterando subtilmente o paladar e condicionando-nos. 

Esse é o resultado da quantidade de açúcar e farináceos que consumimos , o que leva no organismo à elevação da glicose e da insulina e que vai criando a longo prazo, um terrível efeito dominó. 

Resistência à insulina 

Em consequência de tudo isto, a nível de ambos os sexos e em idades cada vez mais precoces, a maior alteração hormonal que atualmente enfrentamos é a da resistência à insulina, o que leva à situação clínica de Pré-Diabetes e Diabetes. 

Consequências da adição de açúcar no organismo
A adição de açucar conduz à resistência à insulina o que desencadeia vários processos nefastos, tais como a retenção de sódio, o que leva à hipertensão arterial. 

Tem ainda outro efeito nefasto, o de impulsionar o excesso de calorias para as células de gordura, que depois, produzem uma espécie de mensageiros para aumentar a sensação de fome. Por sua vez o metabolismo lento, a ausència de exercício, evita a queima de gorduras o que causa a inflamação crónica. 

Nas mulheres o excesso de insulina transforma os estrogénios em testosterona. A testosterona, hormona predominantemente masculina, provoca de entre outras, queda de cabelo, pelo facial e infertilidade. 

Enquanto nos homens a testosterona em excesso é convertida em estrogénios , hormona predominantemente feminina, razão pela qual os homens tendem a ter um grande abdómen, aumento das mamas e perda de pelos no corpo. 

Em ambos os sexos, a dieta rica em açúcares e amido também aumenta o cortisol e a adrenalina ; hormonas ligadas ao stress. Quando se faz uma dieta carregada de açúcar e amido o corpo literalmente entende-a com um stressor, tal como se se fosse perseguido por uma fera. 

Aumentam, tanto a adrenalina como o cortisol, provocando de imediato a resistência à insulina e fazendo aumentar os desejos de açúcar e de amido.

Razão para contrariar os excessos
Deve então aumentar-se a ingestão de alimentos ricos em fibras não processadas e beber mais de 1,5l de água diariamente bem como reduzir drasticamente o amido. Ingerir todo o tipo de vegetais e gorduras saudáveis, como nozes, azeite, abacate, frutos secos e sementes e preferenciar carnes de animais de pasto. 

Se reduzir a carga glicémica e de hidratos de carbono da alimentação diária, reduz até 20% as alterações androgénicas e reduz significativamente os estrogénios. 

Devemos ter mais consciência dos nossos hábitos alimentares
O plano é conhecer o índice glicémico dos alimentos e optar conscientemente pela ingestão de dieta de baixo índice de açúcar. Limitar por dia a quantidade de açúcar adicional.

Fruto da investigação dos últimos anos e cada vez com mais adeptos pelos benefícios metabólicos que traz a curto e longo prazo, é fazer o jejum intermitente regularmente, que tem acção imediata na redução da inflamação crónica. 

Razão para contrariar os excessos
A grande notícia é que com força de vontade, podemos repor a nossa bioquímica e resistir aos desejos de açúcar e recuperar a nossa saúde. Quanto mais evitarmos açúcares e hidratos de carbono refinados (que simplesmente se transformam em açúcares no nosso corpo) mais o nosso corpo reconhece a doçura natural dos alimentos saudáveis. A sensação de fadiga e as alterações endócrinas (hormonais) vão-se desvanecendo.

 

Dra. Fátima Lorvão
Médica de Medicina Geral e Familiar na Policlínica da Benedita

sexta, 27 de agosto de 21

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