Grupo H Saúde Diversifica Atividade e Expande Área Geográfica de Atuação


Num contexto de pandemia, também as empresas de saúde privadas têm de se adaptar à nova realidade do mercado. Para fazer face às dificuldades, o grupo H Saúde optou por apostar unidades de nicho, a par do aumento do seu âmbito geográfico. Henrique Alves Henriques, diretor executivo do grupo, em entrevista à Vida Económica, lamenta que as entidades decisoras tardem na resposta às entidades privadas de saúde, mas garantem que estas vão continuar a desenvolver a sua atividade em complementaridade com o Serviço Nacional de Saúde.

 

Vida Económica - Qual a atual situação do mercado da saúde privada? 

Henrique Alves Henriques - Os grupos privados a atuar na área dos cuidados hospitalares têm vindo a apostar não apenas na sua capacitação ao nível dos equipamentos e dos recursos humanos como também na qualidade das suas instalações e no atendimento focado no utente. Num ano especialmente desafiante, o Grupo H Saúde tem estendido o espectro da sua atuação, nomeadamente por via da criação de unidades de nicho, da criação de unidades de ambulatório a par de unidades de internamento, pretendendo não apenas aumentar o âmbito geográfico de atuação, mas também fomentar uma rede de referenciação. Nos últimos seis meses, criámos estruturas de monitorização complementares de diagnóstico, tendo ativas duas unidades de “Drive Thru”, que já fizeram testes Covid-19 a mais de 25 mil pessoas. 

 

VE - Quais os principais problemas que se colocam à vossa atividade? 

HAH - Os principais problemas que se co- locam estão relacionados com a necessidade de uma maior dinâmica por parte das entidades decisoras. A título de exemplo, no Grupo H Saúde temos algumas ideias por concretizar, mas os processos que gostaríamos de implementar não acompanham a dinâmica do mercado, assim, quando são implementados, na maioria das vezes, pecam por tardios, prejudicando unicamente o utente. Um exemplo máximo do que refiro foi a implementação do Centro Médico de Diálise na Benedita, nas instalações da Policlínica da Benedita, tendo em conta que as unidades de diálise mais próximas da região se localizam a dezenas de quilómetros. A construção deste centro representava uma grande necessidade para a população do concelho de Alcobaça e dos concelhos limítrofes. Acontece que desde o sonho à concretização do projeto passaram dez longos anos, tendo a ausência desta unidade prejudicado uma vez mais os utentes.

 

VE - Não existe já concorrência em excesso no setor privado da saúde? 

HAH - Na área da saúde o mercado apresenta um equilíbrio entre o setor público e o sector privado, tendo este assumido, em Portugal, um papel complementar. O setor privado é procurado especificamente para preencher lacunas ou contornar fragilidades da oferta pública, tais como a cobertura, as listas de utentes sem médico de família ou tempos de espera para marcação de consulta nos centros de saúde ou em listas de espera para cirurgia. Neste sentido, são várias as formas possíveis de relacionamento entre o Estado e as instituições privadas, tais como convenções, celebração de acordos e contratação de serviços. 

 

VE – Mas até que ponto podem ser um complemento ao SNS? 

HAH - Embora o serviço privado não pretenda substituir em modo algum o serviço público, que está entre os melhores do mundo, o setor privado é claramente um complemento precioso nos cuidados primários de saúde, na diminuição das listas de espera em várias especialidades, exames complementares de diagnósticos e serviços médicos. Na esteira dos modelos de negócio possíveis neste novo ecossistema da saúde, identificam-se como principais fatores críticos de sucesso: a orientação para a inovação, não apenas nos cuidados prestados, mas também na forma como são prestados; o enfoque no doente, respeitando a sua individualidade e a sua soberania; a tónica no valor, encarado como ganho ou resultado para a saúde do indivíduo; o comprometi- mento de todos os profissionais na maximização do valor por doente; a quantificação rigorosa dos resultados de cada doente e sua comparação com os custos associados; a valorização das tecnologias digitais. O sistema privado de saúde deve capacitar-se para dar res- postas mais abrangentes e eficazes aos desafios colocados pelo envelhecimento da população, pelo aumento da incidência de doenças crónicas e pelo ritmo elevado a que a inovação nas ciências da saúde e no digital ocorrem. 

 

Redução de prazos na atribuição de convenções 

VE - O que deveria mudar na atual legislação que regulamenta o setor privado da saúde? 

HAH – Claramente, há alguns aspetos a melhorar na legislação que regulamenta o setor privado da saúde em Portugal, como, por exemplo, a diminuição dos prazos de atribuição de convenções, cujo processo, ao ser mais célere, beneficia os utentes e oferece uma rápida e melhor prestação de cuidado de saúde. 

 

VE - Quais as principais características diferenciadoras do vosso grupo? 

HAH - O Grupo H Saúde assume-se como um projeto global de saúde, integrando uma vasta rede de unidades de saúde. Orgulhamo-nos de ser a primeira clínica da região Centro de Portugal premiada com o galardão “5 Es- trelas Regiões” na categoria médica. O nosso principal objetivo é melhorar a forma de cuidar dos utentes, proporcionando-lhes cuidados de proximidade. Na saúde a confiança é essencial, sendo exigidos elevados padrões de qualidade a nível técnico e humano. O Grupo H Saúde, atualmente com 40 especialidades médicas, detém uma rede integrada de clínicas e farmácias, com particular enfoque na Zona Centro do país, pretendendo reforçar igualmente o objetivo de se tornar uma referência no setor. Detém também uma unida- de de hemodiálise licenciada pela Entidade Reguladora de Saúde (ERS) com capacidade para 150 doentes de insuficiência renal crónica, dispõe ainda de três clínicas de ambulatório e três clínicas de medicina dentaria, serviço de apoio domiciliário (AmaCare) e uma farmácia, abrangendo uma vasta área do distrito de Leiria. O crescimento do Grupo H Saúde nos últimos anos tem sido diversificado em diferentes áreas clínicas. Atualmente, dispõe de um departamento de Saúde e Segurança no Trabalho, sendo responsáveis por mais de mil empresas em vários sectores, desde o pequeno comércio à indústria, à agricultura e aos serviços. 

 

VE – Como surgiu o grupo e qual a estrutura acionista? 

HAH - O Grupo H Saúde nasceu com uma farmácia na freguesia de Cós-Alcobaça. Atualmente, é um grupo familiar, fundado em 1982 e constituído como sociedade anónima. Tem cerca de 270 colaboradores e a zona geográfica das unidades clínicas do Grupo H Saúde abrange um universo aproximado de 170 mil pessoas, sendo uma referência na área da saúde da região Centro. Continuamos preocupados com a saúde da população, essa é a nossa razão de existência, é naturalmente do nosso interesse continuar a investir no setor da saúde e social, nomeadamente em aquisição de novas clínicas e farmácias. Podemos adiantar que, neste momento, estamos em fase de um projeto há muito desejado, a construção de um bloco operatório e a ampliação de novas áreas. 

 

VE – Qual o impacto da pandemia na vossa atividade? 

HAH - Durante a primeira fase da pandemia, em que o país parou, tivemos uma quebra de faturação que nos obrigou e colocar vários colaboradores em “lay-off ” e o encerramento de vários serviços. No entanto, adaptámo-nos às necessidades da população e criámos um Centro de Testes Covid-19 em regime de “Drive Thru”, o primeiro do distrito de Leiria, junto à nossa clínica de Olhalvas. Para responder da melhor forma às necessidades da população, poucas semanas mais tarde, criámos um outro “Drive Thru” em parceria com o Município de Alcobaça, Nazaré e ACES-Oeste Norte na cidade de Alcobaça. Independente- mente do esforço financeiro acrescido relativo ao contexto pandémico, colocámos sempre o bem-estar e saúde dos nossos utentes, tendo adquirido pórticos de desinfeção que garantem o acesso em segurança às nossas clínicas. 

 

Guilherme Osswald

Vida Económica 

Edição de 31 de Dezembro de 2020

 

Fonte: Jornal Vida Económica

terça, 05 de janeiro de 21