Psicologia: O papel crucial do autoconhecimento na saúde mental – Dra. Carla Ferreira
Apesar de nos dias de hoje a saúde mental já fazer parte do quotidiano das pessoas, a verdade é que em inúmeras circunstâncias ainda não lhe damos a devida atenção. Permanecemos centrados na corrida do dia a dia, e tendemos a não olhar para o nosso corpo atentamente, esquecendo que ele é o espelho do nosso estado interno, não só físico, como também mental.
O nosso corpo comunica connosco. Com a agitação que manifesta perante o stress, com dores musculares, com perdas de cabelo, com um ritmo cardíaco mais acelerado do que o normal, com o sono que teima em não ser sossegado. Comunica connosco, mas a tendência geral é ignorarmos o que nos diz, o que usualmente, com tempo, irá agravar os sintomas, uma vez que iremos continuar a acumular as cargas que não trabalhamos internamente.
Daí até ao surgimento de um mal-estar mais global vai uma curta distância, e o certo é que, na maioria das vezes, nem nos apercebemos do caminho que estamos a efetuar, uma vez que o nosso aparelho psíquico elabora esforços de sobrevivência. Esses esforços permitem-nos continuar a manter a nossa vida, mas são efetivamente uma sobrecarga, que com o tempo nos irá cansar.
O que podemos então fazer, para cuidar da nossa saúde mental de uma forma mais proactiva?
1) Escutar os sinais do corpo e da mente, nomeadamente alterações ao que sabemos ser o nosso funcionamento regular. Sinais como: Agitação, dificuldades de sono, alterações de apetite, tristeza extrema, isolamento, desmotivação global, perda de objetivos de vida, são sintomas, entre outros, aos quais deverão estar atentos;
2) Compreender que a nossa saúde mental necessita de atenção, tal como a nossa saúde física. Se tivemos acontecimentos muito marcantes, podemos necessitar de ajuda externa para os organizar e integrar dentro de nós. Episódios que são sentidos como exigentes, tais como, perdas de pessoas significativas, mudanças bruscas na nossa vida, perdas laborais, doenças graves, entre outras, devem merecer a nossa atenção.
3) Não relativizar nunca a sintomatologia, pelo menos se ela persistir durante algum tempo. São normais reações emocionais mais fortes em algumas situações da vida, como tristeza, zanga ou outras manifestações internas, mas não é normal se elas forem extremas, ou se se prolongarem demasiado.
4) Estar atento aos processos de idosos, crianças ou outros dependentes. Podem suceder processos mais difíceis em todas estas situações, e por vezes não há capacidade intelectual para o detetar ou compreender. Como muitas vezes as manifestações são fora do problema central, é necessária uma atenção muito especial. Numa criança, por exemplo, pode surgir em casa um problema que ocorra na escola, ou vice-versa.
Para conhecermos o nosso corpo e a nossa mente ao nível salutar que eles merecem, e que nos ajuda a identificar as situações que descrevo, o trabalho de autoconhecimento é também muito importante. Se não conhecermos bem as nossas manifestações, as mais naturais e também as menos saudáveis, podemos não perceber o que o nosso corpo e a nossa mente nos estão a transmitir. Por exemplo, conhecer os sinais de stress pode ajudar-nos a evitar acumulações desnecessárias. E, muito relevante, estes sinais variam de pessoa para pessoa, daí a importância de sabermos bem quais são os nossos. Em algumas pessoas podem passar por uma agitação excessiva, noutras pode ser um cansaço extremo, ou uma vontade de evasão. Conseguir identificá-los precocemente, pode ser uma ótima forma de os travarmos a tempo de evitarmos consequências mais severas.
Até porque, hoje sabemos que há efetivamente um sério impacto da saúde mental, na saúde física da pessoa. Situações não resolvidas podem vir a tornar-se danosas para várias dinâmicas da vida, pois podem originar algumas doenças, como síndrome de burnout, tensão arterial elevada, ou doenças de pele, que já só irão resolver-se com terapêuticas mais complexas.
Deixo como nota final o papel fundamental que cada pessoa deverá ter no seu processo pessoal. É de nossa responsabilidade, pessoal e social, mantermos a nossa saúde mental, para que possamos alcançar o melhor de nós, e para que possamos estar aptos a assumir as nossas obrigações. A tentativa que por vezes efetuamos de ignorar essa responsabilidade e os sintomas que atrás refiro, irá interferir com toda a nossa vida e com a das pessoas que nos rodeiam.
Procure por si. Será sempre a melhor forma de encontrar o que procura.
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Dra. Carla Ferreira – Psicóloga no Grupo H Saúde
(nº ordem: 3789)