O que é um AVC?


Um AVC é uma doença do cérebro que acontece quando o sangue numa artéria cerebral é interrompido (AVC isquémico) ou se espalha, quando uma artéria do cérebro se rompe (AVC hemorrágico). 

O cérebro contém muitas células nervosas, as mais conhecidas são os neurónios mas estas estão englobadas numa enorme rede de artérias cerebrais que permitem que o cérebro funcione. 

Como o sangue é essencial para o funcionamento cerebral (pois as células cerebrais não produzem a sua própria energia), a interrupção do sangue para uma zona do cérebro faz com que as funções de comando que essa zona do cérebro exercia deixem de se fazer. Assim, se faltar sangue em zonas responsaveis pela fala, o doente deixa de falar, se faltar sangue onde o cérebro comanda a força de um braço ou perna esses deixaram de funcionar adequadamente. Com efeito, dependendo da localização no cérebro das artérias que se obstroem (entopem) ou rompem, assim o doente terá sintomas diferentes, conforme o local do cérebro que é afectado. 

 

Fatores de risco 

Dentro dos factores de risco modificáveis mais conhecidos para AVC incluiu-se: 

  • hipertensão arterial;
  • diabetes;
  • tabagismo;
  • dislipidemias (colesterol ou triglicerídeos
    elevados);
  • obesidade.

O controlo destes factores de risco permite diminuir o risco de AVC ( bem como de outras doenças vasculares) e a sua recorrência. 

 

Sinais de alarme 

O sinais de alarme para a ocorrência de um AVC são a presença de diminuição de força num braço, dificuldade em falar ou o doente apresentar assimetria da face (a chamada “boca ao lado”) 

 

Qual o procedimento adequado?
Neste caso deve-se imediatamente telefonar para o n.o 112 e explicar o que o doente está a sentir pois trata-se de uma suspeita de AVC. Não é correcto ir a correr para o Hospital mais próximo, pois este pode não ter capacidade para tratar AVC na fase aguda. Assim o gesto mais indicado, se aparecerem estes sinais de alarme, é telefonar para o 112 para não se perder tempo com uma deslocação desnecessária. Esta chamada activa uma Via Verde que permite a comunicação e transporte dos doentes com suspeita de AVC para o local correcto. 

 

Em que faixa etária é mais frequente?
Os AVC são mais prevalentes em doentes idosos mas podem ocorrer em qualquer idade até mesmo em crianças e no período da gestação.

 

Os casos têm aumentado na faixa etária dos 18-35 anos?
Não há dados que permitam saber se existe um aumento de AVC nos jovens, mas julga-se que os AVC podem ter sido subdiagnosticados em doentes jovens. Actualmente existe uma maior atenção a este grupo etário pois muitas vezes, pelo preconceito de que o AVC é uma doença só de pessoas idosas, a presença de sinais de alarme em doentes jovens é desvalorizada e não associada a possibilidade de ocorrência de um AVC. 

 

Medidas a adoptar para a prevenção de um AVC
O controlo dos factores de risco modificáveis e a adopção de estilos de vida saudáveis que incluam actividade física são a abse da chamada prevenção primária, isto é a prevenção antes da ocorrência de um AVC. 

 

Sobre o tratamento 

O tratamento dos AVC isquémicos na fase aguda pode incluir a retirada do trombo que o causou. O tratamento na fase aguda inclui tambem o internamento em unidades de AVC de modo a estabilizar o doente e a estudar a presumivel causa do AVC, passo fundamental para evitar a repetição de um AVC pela mesma causa. Posteriormente e de acordo com a causa provavel do AVC isquémico, é instituido um tratamento de prevencao secundária ou seja para evitar novos AVC. Deste faz parte o controlo dos factores de risco modificaveis bem como fármacos que alteram a capacidade de formação de trombos dentro das arterias, os chamados anticoagulantes e antiagregantes.

 

Isabel Lestro Henriques, MD, PhD, Neurologist

segunda, 12 de julho de 21