Os Nossos Animais em Tempo de Pandemia


Numa fase complicada de afastamento social, os nossos animais de estimação constituem a certeza de um abraço e carinho intactos e sem risco de contágio. Não entrem em pânico devido a notícias falsas e amplificadas pelas redes sociais. Muito menos pensem em abandonar os vossos animais ou entregá-los nos abrigos. Não virem as costas a quem nunca o fará. É muito importante que continuem a cuidar bem deles e a desfrutar da sua companhia. Em tempos difíceis, como os que enfrentamos hoje de confinamento social e em estado de emergência, os animais de companhia desempenham um papel muito benéfico, proporcionando companhia e alegria. Há no entanto cuidados que deve ter. 

OS ANIMAIS DE COMPANHIA, NOMEADAMENTE CÃES E GATOS, PODEM INFETAR-SE E TRANSMITIR O CORONAVÍRUS SARS-COV-2?
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (O.I.E.) e a Associação Mundial de Médicos Veterinários de Animais de Companhia (WSAVA), não há evidência científica de que os cães e os gatos, ou outros animais de companhia, transmitam o novo coronavírus. 

HÁ CASOS DE ANIMAIS DE COMPANHIA INFETADOS POR COVID-19?
Foram divulgados relatos esporádicos de um cão em Hong-Kong, de gatos na China e na Bélgica, e de um tigre num zoo nos E.U.A., mas importa referir que estes animais nunca exibiram sinais clínicos. 

POSSO CONTINUAR A PASSEAR O MEU CÃO?
Ter um animal de companhia não é um fator de risco da COVID-19. Pode continuar a levar os animais à rua, em passeio, desde que, nesse percurso, cumpra os cuidados gerais de prevenção amplamente divulgados: manter distância de 2 metros das outras pessoas; tossir ou espirrar para um lenço descartável ou para o cotovelo, não tocar na cara, boca ou olhos. Os animais gostam de rotinas, porque lhes transmitem segurança. Por isso crie e mantenha uma rotina de passeios curtos e de brincadeiras em casa, e cumpra esses horários. 

OS TUTORES DOS ANIMAIS DEVEM TER ALGUM CUIDADO ESPECIAL?
• Não toque em animais na rua, porque caso os seus tutores estejam infetados, o pelo desses animais pode estar conspurcado com o vírus; 

• Lave muito bem as mãos depois de interagir com os seus animais; 

• Não deixe os seus animais lamberem-lhe o rosto, nem dormir nas camas das pessoas; 

• Passeie o seu animal duas vezes por dia ou mantenha o ritmo a que ele está habituado; 

• Evite contactos com outras pessoas e animais durante os passeios; 

  • Após cada ida à rua, limpe as patas do animal, assim que chegar a casa. Para isso, use um pano ou toalhitas humedecidas com gel desinfetante ou lave-lhe as patas com sabão azul e branco. Não use álcool ou lixívia. No final, lave e desinfete sempre as suas mãos;
  • Como os passeios têm que ser curtos, faça jogos em casa para exercitar os seus animais como esconder grãos de ração ou brinquedos para irem procurar, atirar bolas, etc;
  • Ajuste a quantidade de alimento para que os animais não desenvolvam excesso de peso ou obesidade devido a menos atividade. Em caso de dúvida telefone ao seu médico-veterinário;
  • Só em caso de urgência ou de atos médicos inadiáveis é que deve levar os seus animais ao veterinário. Telefone ou envie um email antes de ir e cumpra as regras de segurança do Centro de Atendimento Médico-Veterinário que visitar.

    EXEMPLOS DE URGÊNCIAS SÃO
  • Falta de apetite por mais 48 horas. Perda de peso em poucos dias. Alteração do estado de consciência. Perda de sangue por qualquer cavidade natural ou presença de equimoses (“nódoas negras”) pequenas ou grandes na pele. Dificuldade urinária ou urina com sangue. Dificuldade respiratória ou tosse frequente. Vómitos frequentes com mais 24 horas. Tentativas de vómito repentinas sem sucesso e aumento rápido do volume abdominal. Dificuldade respiratória ou tosse frequente. Dilatação abdominal acentuada. Dor intensa com dificuldade em movimentar o pescoço ou a coluna lombar. Incapacidade repentina do animal se mover. Intolerância ao movimento com fraqueza acentuada. Episódios de convulsões em animais não medicados ou convulsão muito longa. Tenha uma alternativa planeada caso se infete, para algum familiar ficar com o seu cão ou o seu gato, ou para o passear.

NÃO SE ESQUEÇA QUE: 

  • Não deve adiar as primovacinações dos cachorros e dos gatinhos, nem as revacinações dos cães adultos para a leptospirose, leishmaniose, tosse do canil e raiva, nem as revacinações dos gatos adultos de vida semilivre para a leucemia felina;
  • Não ofereça da sua comida e tenha cuidado com sobras dos pratos. A indiscrição alimentar constitui a principal causa de diarreia aguda nos cães;
  • Guarde bem os chocolates, pois poderão ser tóxicos para os seus animais;
  • Arrume a roupa, pois a ingestão de meias ou outras peças de vestuário, ou de pequenos brinquedos das crianças, é
    a principal causa de corpos estranhos;

• Dê um banho com shampoo ao seu cão por semana, a não ser que ele tenha contraindicação médica. 

COMO PROCEDER COM O ANIMAL DE COMPANHIA SE ALGUÉM EM CASA É SUSPEITO OU UM CASO CONFIRMADO DE INFEÇÃO? 

Não deixe que o animal fique junto da pessoa infetada; Se tal não for possível, as pessoas que estiverem infetadas, com ou sem sinais clínicos, ou mesmo suspeitos, devem usar máscaras sempre que contactem com os animais; 

O ideal é que seja alguém da casa não infetado a tratar dos animais; 

Tenha em casa alimento para os animais para um período de 15 dias; 

Caso o seu animal seja um doente crónico, tenha em casa medicação para um período de 15 dias; 

• Se for imprescindível uma ida ao médico veterinário, este deve ser previamente avisado de que o tutor do cão ou familiares estão infetados. 

 

Fonte : Faculdade de Medicina Veterinária 

terça, 06 de outubro de 20