Os Riscos da Automedicação
A automedicação consiste na utilização de medicação, por parte do indivíduo (sem prescrição médica) após autodiagnóstico, para tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade. Normalmente envolve apenas a utilização de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), contudo, por vezes também inclui o uso de medicamentos já prescritos em situações anteriores para uma doença crónica ou recorrente do próprio ou de alguém conhecido. A automedicação é um comportamento errado, enraizado na sociedade, sendo frequente que se dêem conselhos nesta área, ignorando-se que o que resulta para um determinado organismo não resulta noutro e que muitas vezes existe um risco associado à toma conjunta com outros medicamentos prescritos pelos médicos. A automedicação é frequente e transversal a toda a população: adultos, idosos e crianças. A prevalência de automedicação na população adulta portuguesa situa-se entre 21,5% e 31,6%. Compete ao farmacêutico o bom aconselhamento para as indisposições ligeiras.
Maiores Riscos
- Interação com outros medicamentos;
- Provocar efeitos adversos;
- Mascarar doenças mais graves, dificultando ou atrasando as respetivas soluções
terapêuticas; - Interpretação incorreta dos sintomas da doença e, consequentemente, diagnósticos
errados; - Dependência;
- Doses subterapêuticas ou tóxicas;
- Escolha de um tratamento farmacológico inadequado, incluíndo a dosagem, a posologia e a duração da toma do mesmo.
Grupos de Maior Risco - Grávidas;
- Bebés e crianças;
- Idosos;
- Doenças crónicas;
- Doentes polimedicados.
Situações Possíveis de Automedicação - Sistema digestivo: diarreia, obstipação, vómitos;
- Sistema respiratório: estados gripais e constipações, rinorreia, congestão nasal, tosse e rouquidão;
- Sistema muscular/ósseo: dores musculares ligeiras, dores pós-traumáticas, dores reumatismais ligeiras a moderadas;
- Cutâneas: Verrugas, queimaduras de 1 .o grau, micoses, picadas de insectos, seborreia, herpes labial;
- Cefaleias e enxaquecas;
- Ansiedade ligeira;
- Dificuldade temporária em adormecer;
- Febre, com duração inferior a 3 dias.
Automedicação Responsável:
• Não ultrapassar os 7 dias de duração. Se os sintomas persistirem por mais tempo, a automedicação está contra-indicada. Deverá então recorrer a consulta médica.
• Conhecer os efeitos terapêuticos, as reacções adversas, doses dos medicamentos;
• Aquisição de medicação por vias legais, em casos de compras online usar apenas sites registados no INFARMED (de forma a evitar falsificações);
• Não utilizar medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM);
Resumidamente:
A utilização de MSRM sem prescrição médica pode constituir um risco para a saúde do doente, directa ou indirectamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica. Exemplo é a hidroxicloroquina, que após um estudo que indicava a sua utilização para o tratamento do novo coronavírus, vários utentes tentaram obter esta medicação sem receita, ignorando o facto desta medicação causar alterações no ritmo cardíaco, em alguns casos fatal, entre outros efeitos adversos. E por isso, a toma desta medicação necessita sempre de acompanhamento médico.
De forma a ser segura e obter todas as vantagens, a automedicação deve ocorrer sobre indicação ou aconselhamento farmacêutico.
Este consiste numa boa recolha de dados sobre o utente (outras doenças, medicação, história familiar) e análise das queixas do doente (sinais e sintomas). Esta recolha de informação pode permitir reduzir os riscos associados à automedicação.
O farmacêutico também fornece toda a informação necessária sobre o medicamento, como por exemplo o modo de administração, a posologia, a dose para que haja eficácia e segurança do tratamento.
O doente deve confiar no farmacêutico
pois este profissional tem conhecimentos técnico-científicos, capacidade para reconhecer os sintomas e saber tratá-los e é capaz de detectar se a situação necessita de intervenção médica.
Dra. Sofia Silva, Farmacêutica