Re-inventar e adaptar


São as novas palavras de ordem no meio de uma grande apreensão e é por isso a altura certa para falarmos em unir esforços e superar a distância a que a Covid-19 nos forçou. 

Já houve pandemias em outras épocas como a peste bubónica em 1343, a cólera em 1817, a tuberculose em 1850, a varíola em 1896, a primeira versão da influenza em 1917, o tifo em 1918 e o próprio HIV em 1980. 

Todas elas ceifaram milhões de vidas nos primeiros anos até surgirem as vacinas ou os medicamentos para prevenir e mesmo curar. Potenciado pela facilidade com que somos informados, temos a precepção de que esta pandemia foi a que provocou em menos tempo mais alterações no quotidiano de biliões de pessoas. 

Já se sabe que a Covid-19 surgiu da mutação do coronavírus e do comércio de animais selvagens sem qualquer cuidado sanitário. Pode afirmar-se que foi o resultado da lógica económica centrada no lucro a qualquer preço, que não se importa com a vida, o meio ambiente ou o futuro das próximas gerações. 

A pandemia representa por isso mais um importante sinal de alerta. Pela primeira vez a humanidade teve consciência de que pode ter um inimigo comum e assistiu incrédula a uma contaminação geral. Nenhum país foi poupado e tal provocou a reflexão sobre o que estamos a fazer com todas as formas de vida no Planeta. 

Países, governos e até uma parcela de sectores económicos aderiram a iniciativas de isolamento social apesar dos inevitáveis impactos nas economias. Países fecharam fábricas, comércio, escolas e serviços públicos. Tudo em nome da preservação da vida. Nasceu uma consciência coletiva de que estamos todos ligados e por isso, ou estamos todos seguros, ou ninguém estará. 

A pandemia Covid-19 é um acontecimento gravíssimo para toda humanidade, mas também representa uma oportunidade. Está na linha do horizonte a possibilidade concreta de que os movimentos gerados pelo Covid-19 de defesa da vida se mantenham como elemento orientador das futuras decisões. 

Com a Covid-19 uma grande parte da sociedade humana parou. Esta paragem melhorou a qualidade do ar, deixou mais transparentes as águas dos oceanos, reduziu os acidentes de trânsito, reduziu a emissão dos gases de efeito estufa, pôs em cheque as teorias neoliberais e as suas políticas. À escala global é a demonstração de que é possível mudar. A humanidade pode e deve reinventar-se. E temos agora uma oportunidade para isso. 

Precisamos de acreditar juntos que as mudanças são possíveis. 

Se não nos unirmos agora e não passarmos a respeitar a natureza, com empresas sustentáveis cuja pegada ecológica tem de ser diminuída podemos perder a janela de oportunidade que se abriu neste momento crucial para a humanidade. 

 

Dr. António José Henriques

Presidente do Concelho de Administração do Grupo H Saúde

quinta, 07 de janeiro de 21