Ser Farmacêutico, o que é?


A Profissão surgiu em Portugal no século XIII, sendo os farmacêuticos designados inicialmente por boticários. 

Muitas vezes o farmacêutico é descrito como o especialista do medicamento, uma vez que se encontra envolvido em todas as etapas relacionadas com os medicamentos, nas quais se destacam as áreas clássicas, designadamente na Farmácia Comunitária, na Farmácia Hospitalar, nas Análises Clínicas, na Indústria Farmacêutica, na Distribuição Grossista e outras. 

Geralmente é na farmácia comunitária que mais facilmente reconhecemos o farmacêutico, devido à grande proximidade com a população. 

 

O Farmacêutico comunitário 

As Farmácias são o primeiro local onde as pessoas se deslocam quando têm um problema de saúde, sendo habitualmente os Farmacêuticos Comunitários o primeiro ponto de contacto entre o cidadão e o serviço nacional de saúde. 

Os Farmacêuticos Comunitários prestam diversos serviços, sempre centrados no bem estar dos utentes e nas suas necessidades: 

  • Ajudam a promover a literacia em saúde, informando a população como prevenir determinadas doenças e dando informações sobre estas, de forma a que os utentes possam tomar decisões informadas e mais acertadas sobre a sua saúde; 
  • Dispensam medicamentos. A palavra “dispensar” significa que não é uma simples venda. A cada venda é cedida medicação e ao mesmo tempo é facultada informação sobre a mesma. Desde a forma de tomar (posologia) aos efeitos secundários possíveis;
  • A cada dispensa de uma receita é feita a validação da prescrição, isto significa que o farmacêutico avalia, por exemplo, se existem interacções entre os medicamentos ou se as dosagens estão correctas. Também avalia se houve alterações na toma ou dosagem em relação à medicação habitual; 
  • Os farmacêuticos conhecem os medicamentos e podem esclarecer qualquer dúvida apresentada pelos utentes; 
  • Os farmacêuticos também podem ajudar a avaliar patologias autolimitadas, ou seja doenças passageiras que podem não precisar de tratamento. Ou quando necessário, aconselhar o utente a consultar o médico de família ou a mais apropriada especialidade médica.


 
Promover serviços farmacêuticos
Muitas farmácias oferecem vários serviços,entre eles a preparação individualizada da medicação. Isto é, a medicação é preparada pelo farmacêutico de forma a minimizar os erros, bem como a promover a toma da mesma a horas correctas evitando esquecimentos (adesão à terapêutica). Algumas farmácias também têm Consultas Farmacêuticas, onde é promovida a adesão à terapêutica ou ainda acompanhamento na cessação tabágica.
Nos serviços farmacêuticos podemos também incluir a administração de medicamentos injectáveis e vacinas que não fazem parte do plano nacional de vacinação.
É também possível fazer testes rápidos como glicémia (açúcar), colesterol, triglicéridos e ainda medir a pressão arterial. A medição destes parâmetros ajuda a controlar as doenças crónicas.
Quantas vezes, quando os utentes têm os valores aumentados e isso alerta de imediato o farmacêutico que coloca a pergunta: “Tem tomado a medicação?”.
Por vezes, pode ser detectado algum efeito secundário que impede a toma da medicação ou simplesmente o problema ocorreu porque o utente não compreendeu com que regularidade deveria tomar a medicação. 

Ao farmacêutico também compete notificar as reacções adversas a medicamentos, a isso chamamos farmacovigilância. Sempre que surge alguma reacção adversa esta deve ser notificada de forma a avaliar a segurança da medicação e a tomar medidas que minimizem os riscos da utilização da medicação. Este processo é especialmente importante para as reacções adversas a medicamentos que sejam ainda desconhecidas. 

Na farmácia comunitária, o farmacêutico vai ensinar a utilizar dispositivos médicos, como equipamentos para avaliação da glicémia, da pressão arterial, ou dispositivos de inalação. Ensinando a melhor técnica e avaliando se os procedimentos estão correctos.. 

A correcta conservação da medicação (controlo de temperatura e humidade)
e controlo da validade da medicação é também responsabilidade do farmacêutico. É por este motivo que a medicação não pode ser devolvida, pois assim que sai da farmácia não existe registo da temperatura e humidade de conservação e os medicamentos não podem voltar a entrar no circuito do medicamento e serem novamente postos à venda. 

Ser farmacêutico também é saber dizer não. Muitas vezes o bem estar do utente depende de dizer não a alguns medicamentos ou comportamentos. Explicar que para o caso em particular vai ser prejudicial. Dizer NÃO é cuidar e preservar a saúde do utente.

 

O farmacêutico hospitalar
Os farmacêuticos hospitalares exercem a sua atividade nos Serviços Farmacêuticos dos hospitais. 

Asseguram, por exemplo a Interpretação e validação da prescrição; colaboram na tomada de decisão terapêutica; fazem o controlo da qualidade.

 

O farmacêutico analista clínico
Ligados ao diagnóstico laboratorial, intervêm nas análises clínicas e investigação biológica ou farmacêutica. Desempenham diversas funções associadas ao diagnóstico laboratorial.

O farmacêutico na Indústria Farmacêutica

Na Indústria Farmacêutica, assumem as mais diversas responsabilidades, desde os processos de investigação e desenvolvimento de medicamentos até à sua produção e comercialização, em áreas como a saúde humana e saúde animal, a biotecnologia, os meios de diagnóstico in vitro, entre outros. 

 

O farmacêutico na distribuição grossista

Garantem a disponibilização dos medicamentos e produtos de saúde nas Farmácias, Hospitais e Unidades de Saúde, após a sua produção, permitindo o acesso ao medicamento e garantindo o seu correcto armazenamento e conservação. Implementam sistemas de combate à contrafação e falsificação de medicamentos. 

 

Outras áreas 

Com a evolução da profissão, a intervenção farmacêutica tem sido alargada a diferentes áreas no Sistema de Saúde, como por exemplo, na intervenção nas áreas da Investigação Científica dos Dispositivos Médicos, das Análises Toxicológicas e Bromatológicas, da Administração Pública e do Ensino Farmacêutico.

 

Dra. Sofia Lourenço Silva

Farmacêutica

terça, 02 de fevereiro de 21